Allan Lopes emociona ao levar memória de seu povo para o espaço público.
Allan Lopes emociona ao levar memória de seu povo para o espaço público.
Na última segunda-feira, 2 de junho, o indígena chiquitano Allan Lopes utilizou o microfone da Câmara Municipal de Corumbá para compartilhar a história de seu povo e de sua ancestralidade. Com o apoio do vereador Jovan Temeljkovitch, Allan deu voz às memórias da sua avó, destacando a importância da resistência e da valorização cultural dos indígenas e bolivianos fronteiriços que vivem no Brasil.
“Eu só estou falando isso por conta da minha avó, que nunca teve voz. E quando ela não tem voz e ela morre, fica mais uma pessoa que passou pela terra em vão. Não. Eu tendo oportunidade de falar, de levar a história de vida dela, eu também faço a voz dela”, afirmou Allan, emocionado, durante sua fala.
O discurso foi marcado por reflexões sobre identidade, memória e resistência. Allan ressaltou que ser brasileiro vai além de ter documentos. “Se você ainda não sabe qual é a sua identidade, então você só tem um RG, você só tem um CPF. Essa realidade a gente só adquire com histórias, memórias, lembranças e ancestralidade.”
Durante o evento, Allan compartilhou que a história de sua avó, uma imigrante boliviana, inspira sua produção artística, que inclui poesia e música. Ele destacou a importância de preservar e divulgar a cultura local, questionando o desconhecimento em torno das tradições indígenas e bolivianas que coexistem em Corumbá.
“Eu quero falar do povo boliviano que cresceu e que cresce aqui e que não tem oportunidades. É sobre esse povo invisibilizado que eu quero dar voz. Principalmente os indígenas chiquitanos de onde eu descendo, de onde eu vim”, disse ele.
Allan encerrou sua fala com um tributo às lutas e conquistas de seus ancestrais. “Tudo que eu trago comigo na música, na poesia, na forma de falar, é reflexo do que minha avó viveu. Foi uma história triste, foi uma história pesada, foi uma história de luta, mas nós estamos aqui. Resistimos.”
O momento foi uma homenagem não apenas à memória de sua avó, mas também a todos os indígenas e imigrantes que construíram suas vidas na fronteira entre Bolívia e Brasil. Allan reafirmou a importância de criar espaços para ouvir e valorizar essas histórias, que são parte essencial da diversidade cultural e histórica da região.
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