Na última audiência pública realizada na Câmara Municipal de Corumbá, o debate sobre o preço das passagens no trecho Corumbá–Campo Grande voltou a ganhar destaque.
Na última audiência pública realizada na Câmara Municipal de Corumbá, o debate sobre o preço das passagens no trecho Corumbá–Campo Grande voltou a ganhar destaque.
Na última audiência pública realizada na Câmara Municipal de Corumbá, o debate sobre o preço das passagens no trecho Corumbá–Campo Grande voltou a ganhar destaque. Convocada pelo vereador Chicão, a reunião teve como foco a possibilidade de criação de horários promocionais, com tarifas reduzidas para atender casos específicos, como viagens para concursos, vestibulares e tratamento médico.
Embora o tom geral tenha sido de busca por soluções, a proposta gerou questionamentos sobre até onde uma empresa privada deve ir na articulação de políticas sociais e quais responsabilidades cabem ao poder público.
O vereador Chicão defendeu que a Viação Andorinha, concessionária do trecho há 38 anos, busque junto à Agência Estadual de Regulação (AGEMS) a autorização para criar passagens com descontos significativos em horários fixos. A ideia é que cidadãos com menor poder aquisitivo tenham acesso a tarifas mais acessíveis, especialmente em deslocamentos de caráter social.
Entretanto, participantes da audiência levantaram um ponto central: a articulação para benefícios sociais é, em essência, uma responsabilidade política, e não empresarial. A Andorinha, como concessionária privada, deve cumprir regulamentos, manter sua sustentabilidade financeira e respeitar os critérios tarifários estabelecidos pela agência reguladora.
A presença da Viação Andorinha em Mato Grosso do Sul não é recente. A empresa atua no Estado há mais de sete décadas e, desde a divisão com Mato Grosso, mantém a concessão do trecho Corumbá–Campo Grande.
Nos anos em que a travessia pela BR-262 dependia de balsas, a Andorinha manteve o serviço regular, mesmo em condições logísticas desafiadoras.
Essa continuidade operacional consolidou a empresa como parte importante da mobilidade regional, garantindo transporte mesmo em períodos de baixa demanda ou crise econômica.
Durante a audiência, representantes da Andorinha lembraram que, em um cenário nacional de alto índice de acidentes rodoviários a empresa registrou apenas dois acidentes nos últimos sete anos.
Medidas como monitoramento por câmeras, uso de inteligência artificial para prevenir fadiga de motoristas e substituição preventiva de condutores são exemplos de investimentos recentes. Esses mecanismos, segundo a empresa, visam manter padrões de segurança elevados, reduzindo riscos e garantindo qualidade na operação.
A empresa destacou que já cumpre uma série de gratuidades e descontos previstos em lei — como meia-passagem estudantil e gratuidade para idosos —, o que impacta diretamente na receita. Qualquer ampliação desses benefícios, ainda que por boa vontade, precisa ser planejada de modo a não desequilibrar financeiramente a operação, sob risco de comprometer a prestação de serviços.
O exemplo dado durante o debate foi emblemático: criar horários fixos com passagens promocionais poderia, na prática, atrair também passageiros que não se enquadram no perfil social pretendido, gerando distorções no objetivo inicial da medida.
Representantes e apoiadores da empresa ressaltaram que benefícios sociais como passagens subsidiadas para concursos, vestibulares ou tratamento médico deveriam ser articulados por vereadores, prefeitos e secretarias municipais junto ao Governo do Estado e à AGEMS.
“Não se trata de negar descontos, mas de compreender que a política tarifária social é matéria de política pública. O papel da empresa é cumprir o que for regulado e manter a qualidade do serviço dentro de parâmetros sustentáveis”, pontuou um dos presentes.
Apesar das ressalvas, a Andorinha reafirmou sua disposição para o diálogo e para estudar propostas que não comprometam a operação. A empresa também lembrou que existem concorrentes no Estado praticando preços diferenciados em outros trechos, mas que as condições operacionais variam de rota para rota.
Para a direção da empresa, debates como o realizado na Câmara são positivos quando geram transparência e evitam “ruídos” na relação com a comunidade.
A audiência pública expôs um ponto sensível: a necessidade de equilibrar o interesse social e a viabilidade econômica. Enquanto a Câmara Municipal busca soluções para ampliar o acesso ao transporte intermunicipal, a Andorinha reforça que seu papel principal é operar com segurança, regularidade e dentro dos parâmetros estabelecidos pela agência reguladora.
O desafio, agora, é transformar o discurso em propostas concretas de políticas públicas, evitando a transferência indevida de responsabilidades e garantindo que a população mais vulnerável seja atendida de forma sustentável e planejada.
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29/05/2025
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