Moradores de Bonito, em Mato Grosso do Sul, foram surpreendidos por volta das 9h30 da última terça-feira (3) por um tremor de terra que causou pânico na cidade. Objetos caíram dentro de casas, e crianças deixaram escolas correndo. Embora inicialmente registrado pelo Centro de Sismologia da USP, o abalo foi atribuído a uma explosão controlada realizada pela mineradora Calluz, conforme apuração posterior.

A detonação, ocorrida na área da Estrada do 21 (MS-345), é parte do processo de extração de calcário, mineral abundante na região. Especialistas apontaram que o tremor foi provocado pela atividade humana. Segundo a professora Edna Maria Facincani, da UFMS, ondas sísmicas captadas confirmam que o evento foi um abalo sísmico induzido, diferindo dos tremores naturais, também comuns no estado.

A Calluz defendeu a regularidade de suas operações, afirmando que a explosão seguiu os limites técnicos da NBR 9.653/2018 e do Exército. De acordo com Elias Araújo, gerente da empresa, a vibração registrada foi de 1,7 na escala Richter, intensidade insuficiente para ser percebida por seres humanos. Contudo, relatos de moradores contradizem essa afirmação, indicando que o tremor foi sentido em bairros da cidade e até na zona rural, a 20 km do local.

Além do susto, a situação reacendeu o debate sobre os impactos ambientais da mineração em Bonito. Yolanda Prantl, do coletivo Unidos pela Serra da Bodoquena, manifestou preocupação com os riscos às estruturas delicadas de atrativos naturais como a Gruta do Lago Azul e a Gruta de São Miguel. Ela também destacou a necessidade de preservar o ecossistema único da região.

O Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) foi questionado sobre a licença ambiental da Calluz para operar na área e informou que está verificando a documentação. Enquanto isso, os moradores aguardam esclarecimentos e ações que garantam a segurança e a conservação ambiental do município, conhecido mundialmente por sua biodiversidade e turismo sustentável.

Com informações do Campo Grande News